Bom dia galera, hoje quero falar um pouco de nós, mulheres, e de um período de mudanças por qual passamos: a menopausa.
As mulheres entre 45 e 55 anos sofrem algumas modificações no seu organismo, e quando essa idade chega é preciso tomar cuidado, pois além das muito sentidas ondas de calor, outras doenças ainda podem aparecer como a conhecida osteoporose e a hipertensão, que não tem tido a atenção que merece das mulheres, já que não apresenta sintomas iniciais, ou seja, aparece silenciosamente, mas depois pode levar ao desenvolvimento de diversos problemas de saúde.
Essas mudanças realmente afetam a pressão arterial das mulheres. Isso fica claro quando se comparam a quantidade de mulheres hipertensas a de homens hipertensos antes e após a menopausa. Após a fase de transformação feminina essa quantidade que era bem menor entre as mulheres aumenta significativamente chegando a igualar-se a de homens.
Meu foco nesse blog é escrever sobre as explicações moleculares do aumento da incidência de hipertensão em mulheres na menopausa ou na pós-menopausa, porém essas são explicações ainda pouco conhecidas pelos pesquisadores. Acredita-se que muitos fatores em conjunto são capazes de explicar a maior incidência de hipertensão arterial em mulheres na fase da menopausa. Os mais conhecidos são a queda na quantidade de estrógenos produzida pelo corpo, as mudanças do perfil lipídico, o aumento de peso e o sedentarismo. Além desses, há também o aumento da atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona, da concentração de testosterona no plasma sanguíneo e do estresse oxidativo (“uma condição celular ou fisiológica de elevada concentração de espécies reativas de oxigênio/espécies reativas de nitrogênio, que causa danos moleculares às estruturas celulares, com conseqüente alteração funcional e prejuízo das funções vitais.” (Droge, 2002)) e a disfunção endotelial.
Tratarei aqui de alguns desses fatores. Primeiramente falemos do estrógeno e de seus efeitos sobre o tônus vascular. Pesquisas em animais mostraram que o endotélio dos vasos apresenta receptores para esse hormônio, que, por sua vez, aumenta a liberação do fator vasodilatador endotelial, o já conhecido por nós óxido nítrico (NO). O fato de o estrogênio aumentar a liberação e a disponibilidade de NO ficou comprovado nos animais quando se administrou esse hormônio e como resposta obteve-se o aumento da concentração de NO. Além disso, sabe-se que o estrogênio também possui características antioxidantes, pois é capaz de reduzir a atividade da enzima NADPH oxidase. Em animais, o 17β-estradiol, estrogênio mais ativo e importante nas mulheres em fase reprodutiva, reduziu a atividade dessa enzima oxidante e elevou a expressão de enzimas antioxidantes. Por fim, a menor concentração de estrogênio leva a um aumento da quantidade de radicais livres (espécies reativas de oxigênio), o que causa um maior estresse oxidativo, problemas na eliminação de sódio e consequentemente, aumento da pressão arterial. Não podemos esquecer, no entanto, que essas conclusões foram obtidas em modelos animais e que em mulheres esse funcionamento é bem mais complexo. Nada elimina, porém, a já comprovada propriedade de proteção cardiovascular do estrógeno.
Para controlar a hipertensão arterial em mulheres após a menopausa, algumas estratégias foram pesquisadas, como, por exemplo, a reposição hormonal. Essa, porém não se mostrou muito eficaz nessa função, nem tampouco na função de prevenir doenças cardiovasculares. A reposição hormonal quando feita deve ser muito cuidadosa, pois ela tem apresentado algumas complicações, ela é individual e especifica para cada mulher e deve ser feita por um médico capacitado a realizar esse tipo de tratamento. Sem a pretensão de entrar na polêmica da reposição hormonal, mas como esse assunto foi mencionado, apresento esse quadro apenas no sentido de alertar sobre os cuidados que devemos ter ao tratarmos de terapia hormonal.
A melhor estratégia para o controle da hipertensão e para a redução do aparecimento de doenças relacionadas a ela nessa fase de vida da mulher foi a mudança no estilo de vida, que inclui a prática de atividade física regular; que melhora a disposição, reduz o estresse e a ansiedade e aumenta a auto-estima; e a educação alimentar.
Para concluir acredito que seja importante ressaltar os fatores emocionais e psicológicos muito presentes na fase da menopausa. Esses fatores, como explica a Dra. Fernanda Consolim-Colombo, médica da Unidade de Hipertensão do Instituto do Coração (InCor), também predispõem o aparecimento de doenças cardiovasculares: “Cada vez mais se demonstra que a depressão é associada à doença cardíaca. E a menopausa é um período que propicia a depressão.Há uma ligação entre as emoções com o controle das funções do organismo por meio dos sistemas nervoso 'autônomo' (que não precisa do cérebro pra funcionar) e endócrino (funcionamento de todas as glândulas que produzem hormônios). Alterações prolongadas de humor, ou estados depressivos, alteram o funcionamento do organismo, alterando esses sistemas”.
Então é isso mulherada, quando for o momento dessas transformações estejamos preparadas para que nenhum mal silencioso consiga nos pegar de surpresa! Até a próxima.
Rafaela Debastiani Garcia
http://www.gineco.com.br/materias-mulher-e-ocoracao/hipertensao-um-risco-ao-coracao
http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/15-4/12-comunicacao-breve%20.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-72032009000500009&script=sci_arttext
http://www.fleury.com.br/Clientes/SaudeDia/Artigos/Pages/menopausa_hipertensao.aspx
http://drauziovarella.com.br/envelhecimento/reposicao-hormonal-continuar-ou-descontinuar/
http://sociedades.cardiol.br/sbc-rs/revista/2008/15/pdf/hipertensao_arterial.pdf
Muito esclarecedor esse artigo. Gostei muito.
ResponderExcluirMuito esclarecedor esse artigo. Gostei muito.
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