terça-feira, 29 de novembro de 2011

Hipertensão e atividade física



Boa tarde gente! Hoje vamos falar sobre os benefícios do exercício físico para os hipertensos.

A atividade física é essencial para o controle da pressão arterial, pois melhora o desempenho do coração, além de fazer com que o pulmão trabalhe melhor.

Com a prática da atividade física, o paciente hipertenso pode diminuir a dosagem dos seus medicamentos anti-hipertensivos ou até ter a sua pressão arterial controlada.

É importante saber que, no estado hipertensivo, o indivíduo tem um padrão de resposta ao exercício diferente: tanto a máxima (sistólica) quanto a mínima (diastólica) sobem. Por isso, o objetivo da prática de atividade física é fazer a mínima baixar, como acontece com os normotensos que, durante os exercícios, têm aumento da pressão máxima e diminuição da mínima; isso faz com que os músculos fiquem bem irrigados.



Entretanto, somente 75% dos pacientes hipertensos respondem ao treinamento físico, uma vez que a hipertensão arterial sistêmica é uma síndrome poligênica e pode ser influenciada pela herança genética.

O exercício físico provoca uma série de respostas fisiológicas nos sistemas corporais e, em especial, no sistema cardiovascular. Durante um período de atividade física o corpo humano sofre adaptações cardiovasculares e respiratórias a fim de atender às demandas aumentadas dos músculos ativos e, à medida que essas adaptações são repetidas, ocorrem modificações nesses músculos, permitindo que o organismo melhore o seu desempenho. Entram em ação processos fisiológicos e metabólicos, melhorando a oxigenação dos tecidos em atividade.

Existem dois tipos principais de atividade física, os exercícios aeróbicos e os exercícios anaeróbicos. Os exercícios aeróbicos utilizam o oxigênio como fonte de queima de substrato para produzir energia e costumam ser de longa duração, contínuos e de baixa e moderada intensidade. Alguns exemplos de exercícios aeróbicos são: caminhada, corrida, ciclismo e natação. Já os exercícios anaeróbicos utilizam uma forma de energia que independe do oxigênio. Normalmente são exercícios de alta intensidade e curta duração. Um exemplo de exercício anaeróbico é a musculação.

O exercício físico mais recomendado para os hipertensos são atividades aeróbicas, pois são mais eficientes metabolicamente e têm uma intensidade menor sendo mais fáceis e prazerosas de fazer. Estudos recentes mostram que a musculação (atividade anaeróbica) associada com as atividades aeróbicas traz benefícios significativos para os indivíduos hipertensos. Pois apesar de serem observados picos pressóricos durante esse tipo de treinamento, após o exercício observa-se um quadro de hipotensão (baixa da PA) que em longo prazo provoca adaptações positivas.





Os efeitos fisiológicos do exercício físico podem ser classificados em agudos imediatos, agudos tardios e crônicos.

Os efeitos agudos, denominados respostas, são os que acontecem em associação direta com a sessão de exercício; os efeitos agudos imediatos são os que ocorrem no período pós-imediato do exercício físico, como elevação da freqüência cardíaca, da ventilação pulmonar e a sudorese;

Já os efeitos agudos tardios acontecem ao longo das primeiras 24 ou 48 horas (às vezes, até 72 horas) que se segue a uma sessão de exercício e podem ser identificados na discreta redução dos níveis tensionais, especialmente nos hipertensos, na expansão do volume plasmático, na melhora da função endotelial e na potencialização da ação e aumento da sensibilidade insulínica na musculatura esquelética.

Por último, os efeitos crônicos, também denominados adaptações, resultam da exposição freqüente e regular às sessões de exercícios diferenciando um indivíduo fisicamente treinado de outro sedentário, tendo como exemplos típicos a bradicardia relativa de repouso, a hipertrofia muscular, a hipertrofia ventricular esquerda fisiológica e o aumento do consumo máximo de oxigênio.

O exercício também é capaz de promover a angiogênese, aumentando o fluxo sanguíneo para os músculos esqueléticos e para o músculo cardíaco.

Estudos realizados em hipertensos verificaram que os mecanismos que norteiam a queda pressórica pós-treinamento físico estão relacionados a fatores hemodinâmicos, humorais e neurais.

Dentre os fatores hemodinâmicos, o exercício físico promove redução da pressão arterial que está associada ao decréscimo da freqüência cardíaca. Uma redução significativa nos níveis pressóricos é conseguida com treinamento de baixa intensidade.

Alguns autores atribuem à redução da pressão arterial pós-exercício físico em hipertensos a alterações humorais relacionadas à produção de substâncias vasoativas, como o peptídeo natriurético atrial ou ouabaína-like.

Ocorre, também, melhora na sensibilidade à insulina, além da redução da noradrenalina plasmática associada ao aumento da taurina sérica e prostaglandina E, que inibem a liberação de noradrenalina nas terminações nervosas simpáticas e reduzem o fator ouabaína-like, que provocaria recaptação de noradrenalina nas fendas sinápticas.

Essa hipótese é contestada, uma vez que pode ser demonstrada redução da pressão arterial mesmo antes de haver redução nos níveis de noradrenalina plasmáticos.

Algumas razões para praticar exercício físico:

  •  A oxigenação tecidual é elevada, ou seja, o exercício físico melhora o fluxo sanguíneo levando mais oxigênio e nutrientes para todas as regiões do corpo;
  •  Hipertensos com o auxílio da atividade física conseguem aumentar a rede de capilares em seus músculos. Assim, o sangue consegue difundir-se com maior facilidade reduzindo a pressão como um todo;
  •  O exercício físico fortalece o músculo e aumenta o metabolismo de cálcio fortalecendo assim os ossos;
  •  Quando nos exercitamos regularmente, nossos músculos usam proporcionalmente mais gordura que glicose, e isto mantêm os níveis de glicose sanguínea (glicemia) mais estáveis, diminuindo a fome.
                                                        

A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que os indivíduos hipertensos iniciem programas de exercício físico regular, desde que submetidos à avaliação clínica.

Os exercícios devem ser de intensidade moderada, de três a seis vezes por semana, em sessões de 30 a 60 minutos de duração, realizadas com freqüência cardíaca entre 60% e 80% da máxima ou entre 50% e 70% do consumo máximo de oxigênio.

A atividade física é importante a todas as pessoas porque proporciona bem-estar e uma melhor qualidade de vida. Obviamente que as pessoas portadoras de algum tipo de doença, como a hipertensão, devem se exercitar regularmente como parte do tratamento mas a pessoas saudáveis também devem fazer o mesmo para prevenir doenças como obesidade, diabetes, hipertensão, entre outros. Fica a dica!






Thayane Karajá.


http://www.scielo.br/pdf/rbme/v10n6/a08v10n6.pdf

http://webrun.uol.com.br/home/n/hipertensos-podem-e-devem-praticar-atividade-fisica/10807

http://seer.ucg.br/index.php/estudos/article/viewFile/140/106

http://www.sbh.org.br/geral/geral.asp

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

NO STRESS!!

Boa noite pessoal, hoje vamos falar de um assunto conhecido por todos nós: o estresse! Quem nunca se sentiu estressado? A correria da vida moderna, atrasos no trânsito, insegurança profissional, violência imaginária e afetos confusos são alguns dos motivos que fazem com que nos sintamos muitas vezes estressados.
Mas afinal o que é o tão falado estresse?


Estresse é a resposta do organismo a acontecimentos que provocam desequilíbrios no bem-estar. É provocado por qualquer acontecimento – positivo ou negativo – que nos obriga a mudar de comportamento. O agente pode ser físico, psicológico ou ambiental.
Aqui iremos abordar, principalmente, como o estresse influencia na pressão arterial. Então vamos lá, primeiramente é importante deixar claro que o estresse é uma reação particular, pois é dependente da forma como cada pessoa se relaciona com o ambiente. A mesma situação pode gerar estresse a uma pessoa e não a outra. O estresse nem sempre é ruim, ele pode inclusive trazer benefícios, quando por período e em intensidade adequados. Preparar o organismo para uma situação de fuga ou luta é um bom exemplo disso.
O problema aparece quando o indivíduo reage exacerbadamente ao estresse mental. O estresse é capaz de desencadear eventos cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio, arritmias malignas e morte súbita. A maior ativação do sistema nervoso simpático decorrente do estresse mental leva a aumento dos valores de pressão arterial, redução da perfusão miocárdica, aumento do consumo miocárdico de oxigênio e da instabilidade elétrica cardíaca, precipitando arritmias cardíacas e infarto agudo do miocárdio em indivíduos suscetíveis.
A relação entre a doença hipertensiva e o estresse mental foi proposta há anos, mas só recentemente foi estabelecida, com os estudos de Folkow (1988), ao demonstrar que diante de situações crônicas de estresse, o organismo promovia ajustes fisiológicos e estruturais que poderiam desenvolver a hipertensão arterial sistêmica e outras doenças cardiovasculares. Evidenciou-se ainda que níveis elevados de PA, mesmo de curta duração, promoviam alterações estruturais no sistema cardiovascular, especialmente nas camadas média e íntima da vasculatura.
O gráfico a seguir demonstra como a pressão arterial de um indivíduo altera quando submetido a situações de estresse.


Figura 1. Resposta da pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica e freqüência cardíaca ao teste de estresse mental (conflito de cores – Stroop color).


Independente do fator causador do estresse, nosso corpo faz um esforço para adaptar-se a nova situação. Porém quando os estímulos são excessivos e por longos períodos, eles podem levar a complexas reações bioquímicas e fisiológicas, desencadeando situações patológicas. O controle do bem estar físico e psicológico é de extrema importância, pois a maneira como nos relacionamos com o estresse pode estabelecer a diferença entre saúde e doença, vida e morte.
O nosso assunto de hoje possui forte relação com o assunto de algumas semanas atrás de outro autor desse blog (Alexandre Guimarães): o sistema renina-angiotensina-aldosterona. O sistema cardiovascular possui ampla participação na adaptação ao estresse, sofrendo por isso as conseqüências da sua exacerbação. Já é bem conhecida a relação entre o sistema renina-angiotensina-aldosterona e a resposta ao estresse. Há evidências farmacológicas do envolvimento da angiotensina II na regulação do sistema nervoso simpático, um dos principais componentes da resposta ao estresse. Situações de estresse mental estão associadas a uma elevação dos níveis de renina e angiotensina II. Esta tem acesso a um grande número de receptores, principalmente do tipo AT1, importantes na adaptação ao estresse, como os localizados na musculatura lisa vascular, musculatura cardíaca, gânglios simpáticos, na adrenal e na hipófise. A angiotensina II participa das respostas cardiovasculares ao estresse mental interagindo diretamente com esses receptores vasculares ou cardíacos ou indiretamente, através da modulação da atividade simpática. Em situações crônicas de estresse, a expressão renal e a atividade plasmática da renina estão aumentadas pela ativação simpática; entretanto, a resposta da aldosterona está reduzida, pela inibição da atividade da aldosterona sintetase. Portanto, aumentos da angiotensina II apresentam importante papel na adaptação aguda ao estresse mental, enquanto alterações mantidas do sistema renina-angiotensina-aldosterona podem contribuir para a patogênese de doenças cardiovasculares durante o estresse crônico.
Além disso, numerosos estudos consideram que o estresse provoca altos níveis de colesterol total, LDL colesterol e diminuição de HDL-colesterol, sugerindo um aumento de doenças cardiovasculares.
Por fim, sabe-se também que a secreção de hormônios esteróides do córtex adrenal bem como as catecolaminas da medula adrenal é estimulada pelo estresse. Após a liberação de catecolaminas há deslocamento dos fenômenos para o eixo hipofisário-adrenocortical, com liberação de ACTH, glicocorticóides e cortisona que agrava a cardiopatia e a hipertensão arterial. Se o estressor persistir o córtex supra-renal entra em falência e a produção de seus hormônios declina podendo evoluir para o êxito letal.

Para concluir, acho importante destacar o papel do exercício moderado e regular como uma das melhores maneiras de se opor aos efeitos prejudiciais do estresse, pesquisas mostram que pessoas que regularmente fazem exercício toleram o estresse muito melhor. Neste vídeo encontramos outras dicas para controlar o estresse do dia-a-dia e com isso evitar o aparecimento de doenças cardiovasculares!



Então é isso pessoal, a lição do dia é dont worry, be happy! Relaxe e não se estresse! Até a próxima!




Rafaela Debastiani Garcia

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2002000500012
http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/14-2/08-estresse.pdf
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?192
http://www.medicinageriatrica.com.br/2008/05/23/stress-as-doencas-cardiovasculares/
http://sbc-pr.org/prescritores/index.php/Departamentos/Hipertensao-Arterial/Estresse-e-Hipertensao.html
http://redalyc.uaemex.mx/pdf/535/53538106.pdf

domingo, 27 de novembro de 2011

Pressão e sua interpretação

Considerações do autor:
Para se ter um bom entendimento desse post são necessários alguns conhecimentos prévios. Quando necessário procure em posts passados.

O que é pressão arterial?
Pressão arterial é definida como sendo a pressão que o sangue faz contra as paredes da artéria. Pressão é uma grandeza física que significa concentração superficial de forças (P = F/A). É impossível medir todas as forças em cada pequena região microscópica na membrana em todas as células da parede de uma artéria, isso não importa, o mais importante é a concentração de forças, até porque o citoesqueleto das células da parede arterial transfere parte das forças para as células próximas, o que significa que o vaso atua como um todo para conter o sangue.
É necessário que exista pressão dentro dos vasos sanguíneos, afinal o sangue precisa estar em contato com a parede dos vasos. Porém os vasos têm resistência limitada e podem ser danificados se a pressão chegar a determinados valores. O valor exato varia, afinal nem todos os vasos estão sobre a mesma pressão, tão pouco possuem a mesma espessura e resistência. Devido a diferença entre espessura e resistência dos vasos, os danos vasculares são geralmente locais, sendo que entre os piores danos são o acidente vascular cerebral e coronário, isso devido a grande importância desses dois órgãos, um acidente vascular no dedão do pé não é bom, mas não é tão ruim quanto um acidente vascular cerebral.

Pressão sistólica e diastólica.
Sístole e diástole está explicada no post ' Sangue, Circulação e sua função'
A pressão arterial varia, quando o coração bombeia sangue para as artérias (sístole ventricular), a pressão arterial é máxima, essa pressão é chamada de pressão sistólica. Na diástole a pressão sobre os vasos diminui por causa do atrito entre o sangue e os vasos, que como qualquer atrito é uma força dissipativa de energia.

Se ocorre dissipação de energia como então o sangue continua seu movimento?
O coração bombeia o sangue continuamente, ou seja, continua a fornecer energia cinética (energia de movimento) para o sangue. O bombeamento produz várias forças dentro das câmaras cardíacas, por existir força existe pressão e também aceleração que aumenta a velocidade do movimento sanguíneo, o sangue não acelera indefinidamente pois também existem forças contrárias ao seu movimento (forças normais e de atrito com a parede dos vasos).

Como devo interpretar os valores de pressão?
Os valores de pressão arterial são medidos na unidade mmHg. São medidos dois valores o sistólico (pressão arterial máxima) e diastólico (pressão arterial mínima). O valor sistólico deve estar entre 100 e 140 e o diastólico entre 60 e 90. A alteração sistólica ou diastólica pode caracterizar hipertensão ou hipotensão, não sendo necessário que ambos estejam fora da faixa normal. Geralmente se fala em 12 por 8 como sendo ideal, 12 por 8 é na unidade cmHg que é equivalente a 120 por 80 mmHg, o primeiro valor é sistólico e o segundo diastólico

Como se mede a pressão arterial?
Com o uso de um esfigmomanômetro manual ou digital, no caso do manual se usa em conjunto um estetoscópio, a imagem mostra ambos com o estetoscópio a direita.





Bibliografia:
Manuila, L. Dicionário médico Medsi

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mergulhando na Bioquímica do NO

Oi galera! Depois de termos mostrado aqui no blog uma síntese objetiva da importância do óxido
nítrico no sistema cardiovascular sem entrar em aspectos de reações químicas, que rapidamente serão deletadas das mentes de vocês leitores, não podemos esquecer que esse blog é de bioquímica! Então hoje chegou o dia de aprofundarmos um pouco nas vias de NO como um todo e ver que não é esse bicho de sete cabeças.


Para começarmos esse mergulho vamos começar do começo, ou seja, como se dá a síntese de óxido nítrico?

existem três tipos de produção conhecidas de NO no organismo:

->A produção neural, que se dá no sistema nervoso e está relacionada ao fenômeno da memória de longo prazo.

->A produção indutível, feita por macrófagos, neutrófilos(células do sistema imune) e fibroblastos como resposta a estímulos patológicos, como via de destruição de organismos estranhos pelo fato de o óxido nítrico ser muito reativo.

->A produção endotélica, realizada pelo endotélio vascular e é o foco desse blog por estar relacionada à saúde vascular.


Essas sínteses de óxido nítrico são mediadas pelas respectivas óxido nítrico sintetases: nNOS,iNOS e eNOS que são isoenzimas que catalizam a seguinte reação:




Essa reação é mediada por cálcio, que ao combinar-se com calmodulina (proteína citosólica) forma um co-fator que torna a enzima oxido nítrico sintetase ativa e permite que a reação de oxidação da L-arginina ocorra. A disponibilidade de cálcio para que esse processo ocorra por sua vez se dá pela ligação, no endotélio, de acetilcolina e bradiquinina.



Uma vez liberado pelo endotélio o NO não precisa de transportadores específicos, visto que é uma molécula gasosa e consegue se difundir facilmente pela matriz extra celular e atingir plaquetas, leucócitos e células musculares lisas, onde promove suas ações vasculares já descritas anteriormente. Vale apena citar que na musculatura lisa o óxido nítrico liga-se ao ferro do grupo heme da enzima guanilato ciclase solúvel GS que cataliza a reação de GTP formando cGMP, molécula que está ligada ao relaxamento dessa musculatura.


Após o exercício de suas funções o óxido nítrico é inativado pela ligação com o ferro do grupo heme das hemoglobinas dos eritrócitos ou pela oxidação em nitrito e nitrato que são excretados pela urina.


E assim nós terminamos nosso mergulho na bioquímica do NO um prato cheio para os amantes da química e um vilão que espero ter mostrado não ser tão mal assim para os que não gostam.Até a próxima!



Bibliografia: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302000000300012
http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/14-4/09-fisiopatologicas.pdf
http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0321127_05_cap_02.pdf

Alan Farias

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Holofotes no Victoza

Boa tarde galera!! Que tal aprendermos agora um pouco sobre um novo medicamento usado para emagrecer?! Em setembro desse ano, a revista Veja publicou uma interessante reportagem especial sobre o medicamento Victoza e seus impressionantes efeitos na redução de peso. A Veja taxou o remédio de milagroso por fazer o usuário perder de 7 a 12kg em apenas 5 meses. Diante desse repentino sucesso desse medicamento no mercado, o grupo de hipertensão não poderia deixar de esclarecer aos assíduos leitores do blog os efeitos, perigos e resultados do uso dessa droga.

O Victoza, ou Liraglutida, é um medicamento indicado para o tratamento de diabetes tipo-2 que, devido a alguns de seus efeitos, vem sendo usado por pessoas não diabéticas que querem emagrecer. Esse medicamento é produzido pela empresa dinamarquesa Novo Nordisk e foi lançado em 2009 no continente europeu, chegando ao Brasil no meio desse ano.


O Victoza é um análogo do hormônio GLP-1 e, para entendermos o seu funcionamento, precisamos saber um pouco à respeito desse hormônio.

GLP-1 é sigla para Glucagon-Like Peptide-1. Dentre suas atividades, esse hormônio estimula a produção e a secreção de insulina e provoca saciedade! Ele é produzido por células endócrinas intestinais e é vital para o bom funcionamento do organismo. Estar saciado quer dizer que a vontade de comer passou, ou seja, você “matou a fome”. Se esse mecanismo não existisse, não seríamos capazes de controlar a ingestão de alimentos e ganharíamos peso muito facilmente.

De volta ao Victoza, então, temos um valioso recurso no combate ao diabetes tipo-2. Contudo, a reportagem conta que ele vem sendo usado por pessoas não diabéticas!! Vamos logo entender o porquê disso.

No programa de pesquisa LEAD(Liraglutide Effect and Action in Diabetes) realizado com 4000 indivíduos, os resultados apresentados consistiam em melhora no controle glicêmico e significativa redução de peso nos indivíduos.

Durante 20 semanas de estudo dos efeitos do Victoza em indivíduos adultos obesos e não diabéticos, a redução de peso também foi comprovada, além da ajuda no controle dos fatores de risco de obesidade(os indivíduos apresentaram redução da circunferência da cintura e diminuição da pressão arterial). Os indivíduos sujeitos à medicação apresentaram redução tanto da pressão sistólica, quanto da pressão diastólica.

Não obstante a tantos benefícios, alguns efeitos colaterais surgiram. Dentre eles, podemos destacar náusea, vômito e dores de cabeça, entre os mais comuns, até eventuais irritações, dores e hematomas no local onde a injeção é aplicada diariamente. Alguns pacientes, ainda, desenvolveram sintomas graves, tais como cálculo biliar, pancreatite aguda, choque anafilático, dentre outros. Porém, não se reconhece a ligação desses sintomas ao Victoza.

Existem duas grandes diferenças entre o GLP-1 e o Victoza que dão a este o efeito emagrecedor.
1) A Liraglutida aplicada através de injeção circula no organismo em uma concentração, em média, 8 vezes maior que a concentração de GLP-1.
2) Os efeitos da Liraglutida no organismo se estendem por 24h, enquanto os efeitos do GLP-1 duram 3 minutos!

Foi constatado também que a utilização do Victoza, associado a uma alimentação balanceada e a atividade física regular, pode potencializar os benefícios desse medicamento, inclusive quanto à perda de peso. Segundo a revista Veja, em 5 meses associando Victoza, dieta e exercícios físicos, a pessoa pode perder até 12kg. Fazendo uso apenas do medicamento, sem alterar a dieta e mantendo o sedentarismo, os efeitos ainda são fabulosos, segundo a revista Veja. Ao fim de 5 meses, 7kg são eliminados. Ficou claro, assim, o porquê do tamanho sucesso desse medicamento. É só satisfação e alegria!!



Pelo menos foi isso que a revista Veja tentou passar para o leitor. Porém, aqui no Blog de Hipertensão o nosso leitor não lerá nenhuma informação incompleta, uma vez que nós temos o compromisso de passarmos uma informação de qualidade.

O que acontece é o seguinte: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária(ANVISA) não aprova o uso do Victoza como um medicamento emagrecedor. Depois de tantos benefícios do uso desse remédio o nosso leitor deve estar se perguntando o por quê disso.

Segundo a ANVISA, esse medicamento deve ser utilizado apenas no controle do diabetes mellitus tipo-2, ainda com cautela, por se tratar de um medicamento novo. A ANVISA afirmou que o Victoza pode causar uma alteração da função renal, distúrbios da tireóide( casos de nódulos e urticária ), além de sintomas mais brandos, como hipoglicemia, dores de cabeça, náusea e diarréia. Por se tratar de um medicamento novo, ainda é preciso realizar testes e estudos para verificar a potencialidade dele causar alguma reação alérgica ou choque anafilático.

A nota da ANVISA sobre o Victoza conclui que não é seguro utilizar esse medicamento para o emagrecimento, sendo ele recomendado apenas como terapêutico anti-diabetes.

Diante disso, o blog de Hipertensão recomenda a você, leitor, que não utilize o Victoza como meio de emagrecer. Não custa nada deixar um tempinho do seu dia para uma atividade física, sem falar do prazer e do bem-estar que ela poderá te proporcionar, além de buscar um nutricionista para criar uma dieta saudável compatível com o seu gosto!



Bibliografia:
http://www.nature.com/ijo/journal/vaop/ncurrent/pdf/ijo2011158a.pdf
http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx Edição 07/09/2011
http://www.senado.gov.br/noticias/agencia/quadros/qd_331.html
http://www.glucagon.com/glp1.html
Imagens:
http://www.thiagomartinez.com/blog/wp-content/uploads/2011/05/emagrecimento.jpg
http://www.ideiasdahora.com/wp-content/uploads/2011/05/emagrecimento-com-dieta-do-vinagre.jpg
http://filecache.drivetheweb.com/mr4enh_novonordisk/312/VictozaPen_Needle_FIN.jpg


Postado por Alexandre Guimarães

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Tabagismo e a Hipertensão


Boa noite gente! Hoje vamos falar sobre o tabagismo e seus efeitos na pressão arterial.
O fumo é responsável por cerca de cinco milhões de óbitos por ano em todo o mundo, sendo quatro milhões de homens e um milhão de mulheres. O que o torna um dos principais fatores de risco para a origem não só das doenças ligadas ao coração, mas também da pressão alta.
A nicotina, um dos principais componentes do cigarro, acarreta uma vasoconstriccção direta dos vasos (estreitamento do diâmetro desses vasos) além de um aumento na liberação de vasopressina, adrenalina e noradrenalina, substâncias que aceleram a freqüência cardíaca e aumentam a pressão. Juntamente com o monóxido de carbono, provoca diversas doenças cardiovasculares, problemas pulmonares como câncer e com a liberação de toxinas, o enfisema pulmonar, sendo também nociva para outros órgãos como estômago e garganta. A nicotina se relaciona com o sistema nervoso central causando a dependência do individuo ao fumo.
A elasticidade do sistema vascular traz danos para a manutenção da pressão arterial saudável, podendo evoluir para outros problemas, como o AVC. Além de aumentar a rigidez das artérias, o fumo aumenta a resposta por substâncias vasoativas e a atividade do sistema nervoso simpático fazendo assim, aumentar a pressão arterial. A complicação cardiovascular decorrente do cigarro afeta até mesmo o fumante passivo.
Os agentes químicos presentes no cigarro ainda atuam como irritantes da mucosa bucal e prejudicam a mucosa olfativa, causando alterações nas papilas gustativas e lesões que alteram o olfato. Seus efeitos também estão associados à diminuição do campo visual e a diminuição da quantidade de colágeno da pele, causando o envelhecimento precoce.
Estudos mostram que os homens possuem maior facilidade em parar de fumar do que as mulheres, que criam uma dependência afetiva e psicológica com o cigarro. Os benefícios em largar o cigarro são a diminuição da pressão arterial e a menor ingestão de medicamentos no tratamento de hipertensão.
Os benefícios respiratórios se apresentam após 4 semanas de interrupção, mas os benefícios cardíacos são sentidos em um período mais longo, que pode chegar a até 11 anos sem o cigarro. Quanto maior o período de tempo longe do tabaco maior a possibilidade para reversão ou melhoria dos malefícios já instalados no indivíduo.


http://www.msdonline.com.br/pacientes/sua_saude/doencas_do_coracao/paginas/hipertensao_fatores_de_risco.aspx#section05

http://www.sbh.org.br/geral/noticias.asp?id=84

http://www.sbh.org.br/geral/noticias.asp?id=107


http://www.sbh.org.br/geral/noticias.asp?id=302


http://www.webartigos.com/artigos/hipertensao-e-tabagismo/6798/#ixzz19bFO0Dc2


Thayane Karajá.

domingo, 20 de novembro de 2011

Envelhecimento e Doenças cardiovasculares

Olá pessoal!Nós já mencionamos aqui no blog que a incidência de hipertensão aumenta significativamente em idosos,mas hoje vamos investigar as possíveis
causas dessa maior incidência e relacionaremos as alterações que o envelhecimento promove nas artérias e no coração que podem facilitar o aparecimento de hipertensão e arteriosclerose.


Para começarmos então citaremos as modificações naturais mais relevantes que o sistema cardiovascular sofre com o avanço da idade que causam um aumento de pressão e a perda da elasticidade vascular,relacionada à arteriosclerose.


*Alterações cardíacas: As alterações sofridas pelo coração com o tempo não tendem à aumentar a pressão arterial, mas levam a um possível déficit de oxigenação do organismo pois essas modificações tendem à diminuir o volume ventricular e seu poder de contração.Entre essas alterações estão: o aumento do volume dos cardiomiócitos(células musculares do coração),maior depósito de colágeno intra-ventricular o que reduz seu volume e e torna mais custosa e lenta a contração.E por último a resistência cardíaca à β-adrenérgicos, que faz com que o coração não responda bem a comandos de taquicardia, o que prejudica a oxigenação no exercício.


*Alterações vasculares:
as alterações sofridas pelos vasos são as mais significativas para se analisar o surgimento da hipertensão e da arteriosclerose vamos ver agora por que.entre essas modificações estão:

-> O aumento do depósito de colágeno sub-endotelial, a redução de elastina nos vasos, que diminui o lúmen vascular e sua distensibilidade que pode estar relacionada às duas doenças estudadas, visto que com um vaso mais estreito e pouco elástico a pressão aumenta e o risco de entupimento também.

-> A diminuição da liberação endotelial de óxido nítrico, que acarreta sérios prejuízos aos vasos já citados no blog que podem facilitar o aparecimento de hipertensão e arteriosclerose como a maior agregação leucocitária ao endotélio, que também faz com que a passagem do vaso se estreite.

-> resistência à vasodilatação mediada por β-adrenérgicos, que com isso aumenta a vasoconstrição e por sua vez a pressão arterial.

-> Desregulação do reflexo dos baroreceptores, essa desregulação faz com que uma variação na pressão sanguinia demore mais para ser identificada e posteriormente o organismo tome providências para que ela volte à níveis normais, facilitando que pressões muito altas se mantenham por mais tempo e acabe ocasionando o rompimento de vasos.


Com o passar da idade as pessoas ficam mais propensas à doenças cardiovasculares, mas isso não quer dizer que todas às desenvolverão, o melhor jeito de ir contra essa tendência natural é ter hábitos de vida saudáveis e seguir as dicas do blog de hipertensão!Até a próxima!



referências: http://www.actamedicaportuguesa.com/pdf/2008-21/2/193-198.pdf

Alan Farias

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Flavonóides: Previnindo a hipertensão

Bom dia pessoal! No post de hoje vou falar de uma substância muito importante (e pouco conhecida pela maioria de nós) para a prevenção da hipertensão: os flavonóides. Primeiramente, o que são os flavonóides?

Flavonóides são substâncias de origem natural que o organismo humano não consegue sintetizar. Eles estão presentes em frutas, vegetais e chás e oferecem diversos benefícios para a saúde, pois possuem ação antiinflamatória, antimicrobiana, antiviral, anti-ulcerogênica, anti-neoplásica, antialérgica, anti-hemorrágica e antioxidante. Daremos ênfase aqui à ação antioxidante dos flavonóides, pois como será explicado a seguir, é essa propriedade que os tornam importantes no controle da hipertensão. A estrutura química dos flavonóides é formada por 15 átomos de carbono distribuídos em dois anéis aromáticos (A e B) e um heterociclo oxigenado (anel C), como podemos verificar abaixo:













Estrutura básica dos flavonóides

Muitas pesquisas têm mostrado que alimentos que possuem flavonóides em sua composição são capazes de proteger o organismo contra derrames (comuns em hipertensos), graças à atividade antioxidante destas substâncias. Para entendermos como ocorre essa proteção do organismo, é importante sabermos o que são antioxidantes e o que são radicais livres.

Um antioxidante é um composto capaz de retardar ou inibir a oxidação de lipídios e outras moléculas.

“Radicais livres podem ser definidos como qualquer espécie química capaz de existência independente, que contenha um ou mais elétrons desemparelhados, dessa forma são altamente reativos e capazes de atacar biomoléculas.” (MARRONI; MARRONI, 2002).

Agora assistam a esse vídeo que explica sucintamente como radicais livres são formados e como os antioxidantes (como os flavonóides – nosso assunto de hoje) atuam para proteger o nosso organismo.



O que acontece, então, é que radicais livres oxidam os ácidos graxos poliinsaturados das moléculas de LDL (lipoproteínas de baixa densidade), modificando-as. Essas mudanças fazem com que os macrófagos absorvam facilmente essas moléculas, o que as tornam tóxicas para o endotélio dos vasos sangüíneos. Isso possibilita a formação de placas ateroscleróticas, já que se acredita que a LDL oxidada é aterogênica. Os flavonóides são capazes de inibir essa modificação oxidativa de LDLs pelos macrófagos, ou seja, possuem uma atividade antioxidante, por meio de dois mecanismos: pela inibição da hidroxilação da LDL ou por oxidação preventiva do α-tocoferol, que está presente nas lipoproteínas. Inibir a oxidação da LDL diminui a formação de placas ateroscleróticas, reduzindo assim a rigidez arterial.

Estudos também indicam que flavonóides e flavonas (grupo de 4-ceto-flavonóides) diminuem a trombogênese gerada pela agregação de plaquetas (que é acentuada pela presença de radicais livres) por meio da inibição da lipoxigenase e ciclooxigenase. Frankel et al., (1993) demonstraram que flavonóides, em especial os do vinho tinto, são capazes de inibir as reações de oxidação acima mencionadas. Essa propriedade do vinho pode explicar como populações que consomem a mesma dieta apresentam quantidades diferentes de doenças cardiovasculares. Essa diferença se deve ao consumo de vinho tinto, bebida que contém altos níveis de flavonóides, os quais protegem o organismo de doenças cardiovasculares. Além de antioxidantes, compostos fenólicos, como os flavonóides, atuam como protetores e regeneradores dos antioxidantes primários do organismo (ácido ascórbico – vitamina C -, o tocoferol - vitamina E - e o β-caroteno - vitamina A). Dessa forma, o consumo contínuo e moderado de vinho e a ingestão de frutas (maçãs, uva, melancia, etc.) e vegetais que contenham esses compostos podem retardar fenômenos fisiopatológicos como o da aterosclerose e da trombogênese.

Estudos experimentais já indicam que o consumo de alimentos ricos em flavonóides, como é o caso de chocolates escuros, pode levar à diminuição da pressão arterial. A pressão arterial apresenta-se menor em indivíduos com alta quantidade de flavonóides circulante do que em indivíduos com baixa quantidade. Estudos também mostram que a possibilidade de morte por doença coronária cardíaca e infarto do miocárdio é menor nas pessoas que consomem muitos flavonóides do que naquelas que consomem pouco. Muitas das propriedades dos flavonóides ainda não foram comprovadas in vivo, mesmo assim seu consumo é importante devido ao seu valor nutricional e seus potenciais efeitos terapêuticos já mencionados.

As doenças cardiovasculares são importante causa de morte da população mundial e se medidas preventivas contra elas não forem tomadas, em breve doenças desse tipo, como a doença arterial coronariana, chegarão a ser a primeira causa de morte no mundo. Estudos como esses dos flavonóides são, portanto, de extrema importância para a saúde da população, devem ser incentivados e devem ter seus resultados considerados e seguidos em virtude de sua ampla gama de ações terapêuticas já mostradas tanto experimentalmente quanto em humanos.

Então é isso pessoal, até a próxima!

Rafaela Garcia

http://artigocientifico.uol.com.br/uploads/artc_1189124935_21.pdf
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/article/viewFile/1641/2147
http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/16894
http://www.infoescola.com/bioquimica/flavonoides/
http://www.editoraufjf.com.br/revista/index.php/boletimcbr/article/viewFile/596/533

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sangue, Circulação e sua Função

Considerações do autor:

O blog é voltado para bioquímica, porém para o real entendimento é necessário noções básicas de anatomia e fisiologia do sistema cardiovascular, este artigo fala sobre sua fisiologia.
Sempre que houver qualquer dúvida na leitura de algum artigo, procure no arquivo do blog se existe algum artigo capaz de resolver.

Sistema Cardiovascular
O que é circulação sanguínea?
Circulação sanguínea é o fenômeno do sangue ser transportado pelo corpo, circulando por quase toda sua extensão, a epiderme (camada superficial da pele) por exemplo não recebe sangue. Vale lembrar que o sangue que deixa o coração é um pouco diferente do que saí dele, afinal ele troca matéria com as outras células do corpo. Apesar de ele se modificar nessa troca suas células principais, os eritrócitos (hemácias ou glóbulos vermelhos) não saem do sangue na troca de matéria com o corpo em geral. Os eritrócitos só saem do sangue para serem degradados, o que não é um problema afinal células do sangue são produzidas o tempo todo. Os materiais transportados pelo sangue são nutrientes energéticos, sinalizadores, além de moléculas pequenas que formarão moléculas maiores para servirem alguma função, essas moléculas maiores são as moléculas estruturais. Nutrientes sinalizadores são aqueles que modificam a ação de células, dentre eles temos íons e hormônios.

O que é sangue?
É um líquido contendo células, moléculas e íons. As principais células são os eritrócitos (eritro - vermelho, cito - célula) que possuem uma proteína chamada hemoglobina que é um complexo proteico grande que serve para o bom funcionamento de seus grupos heme que possuem cátions de ferro para se ligar ao gás oxigênio e também ao gás carbônico. O sangue também carrega nutrientes energéticos como glicose e corpos cetônicos. Carrega ainda produtos metabólicos para serem excretados e moléculas sinalizadoras como hormônios. O sangue têm a função de transportar diversos compostos para dentro e fora de células, pois estas precisam ter os compostos certos na quantidade certa. A tendência a manter concentrações em níveis adequados para o bom funcionamento se chama homeostasia, e o sangue é fundamental em sua manutenção.

Qual o caminho do sangue?
O sangue saí do coração por artérias que se dividem sucessivamente em vasos de menor espessura passando por arteríolas (pequenas artérias) até formar vasos com apenas uma célula de espessura formando sua parede chamado capilar. O capilar por ser extremamente fino têm a capacidade de trocar materiais com as células próximas. Seguindo o curso do sangue os capilares formam vasos cada vez maiores indo das vênulas (pequenas veias) até as veias que desembocam no coração.





O que é circulação sistêmica e pulmonar?
A circulação acontece o tempo todo de forma unificada, essa divisão é apenas didática, ou seja, para facilitar algum entendimento ou entender algum aspecto que não seria entendido de outra forma.
Circulação sistêmica ou grande circulação é aquela que ocorre entre o coração e o corpo em geral, o sangue saí do coração no ventrículo esquerdo pela aorta (maior artéria do corpo humano), após todo o caminho do sangue ele chega ao coração no átrio direito pelas 2 veias cava. Daí o sangue segue para o ventrículo direito.
Circulação pulmonar ou pequena circulação ocorre entre o coração e os pulmões. O sangue saí do coração no ventrículo direito pelo tronco pulmonar (artéria) que se divide em 2 artérias pulmonares (1 para cada pulmão). Após todo o caminho do sangue ele retorna ao coração no átrio esquerdo pelas 4 veias pulmonares.

Como o coração bombeia o sangue?
Câmaras cardíacas e sentido do sangue
O coração bombeia o sangue graças à sua capacidade de contração e relaxamento muscular. Os tempos em que os eventos se sucedem se chamam sístole e diástole. Sístole se refere ao tempo em que as paredes de uma câmara se contraem e por isso o sangue saí dessa câmara. Diástole é o tempo em que as paredes de uma câmara relaxam e o sangue entra nessa câmara. Todas as 4 câmaras fazem sístole e diástole.
O sangue chega (dentro de veias) a um átrio, o sangue deve seguir para o ventrículo do mesmo lado, ou seja a direção é definida. Entre as câmaras comunicantes existem valvas que só permitem a passagem em uma direção, são as valvas atrioventriculares. Todas as valvas do sistema cardiovascular têm essa propriedade de se abrir apenas em uma direção, o motivo é seu formato. No caso das valvas atrioventriculares existem músculos papilares (em forma de papila) que reforçam essa características, eles fazem uma força na valva quando fechada para impedir que se abra no sentido oposto. Os músculos papilares estão em ambos ventrículos para impedir que a valva se abra em direção aos átrios. Quando o mecanismo funciona corretamente ele impede o refluxo sanguíneo, que é o movimento do sangue no sentido contrário, coisa que não deveria acontecer.
A sístole e a diástole são processos contrários. A ação dos átrios é sempre contrária à ação dos ventrículos. Câmaras do mesmo tipo fazem ações ao mesmo tempo. Câmaras de tipo diferente fazem ações contrárias ao mesmo tempo. Os átrios recebem sangue de veias (diástole atrial) ao mesmo tempo que os ventrículos enviam sangue à artérias (sístole ventricular). Os átrios enviam sangue aos ventrículos (sístole atrial), nesse tempo os ventrículos obviamente recebem o sangue dos átrios (diástole ventricular). O processo descrito é cíclico.

Para que bombear sangue?
A segunda lei da termodinâmica garante que sistemas fechados sempre aumentem de entropia ao longo do tempo, isso significa que se tornam menos organizados. Sistemas fechados são aqueles que não trocam matéria com outros sistemas. Vida é o resultado de química complexa, para manter a vida é necessário manter essa química complexa e para isso é necessário aumentar o grau de organização da matéria, ou seja, diminuir a entropia. Como as células conseguem diminuir a entropia se a segunda lei da termodinâmica não permite? Bem, a segunda lei da termodinâmica não permite que um sistema fechado diminua sua entropia, porém a célula NÃO é um sistema fechado. As células somáticas (do corpo em geral) trocam matéria com outras células e com pequenos vasos derivados de arteríolas (pequenas artérias) chamados capilares. Entre os vários tipos de nutrientes temos os energéticos. Nutrientes energéticos são quebrados em moléculas menores, ao mesmo tempo que transformam moléculas, aumentando-as. Os nutrientes energéticos aumentam de entropia para diminuir a entropia de moléculas biológicas estruturais. De forma simplista isso é equivalente a dizer que as moléculas energéticas fornecem energia para formar moléculas estruturais maiores. Onde o sangue entra nessa história? Ele carrega em si moléculas energéticas e o produto metabólico delas como o CO2 que é carregado sob forma de outros compostos como a carboemoglobina e o ânion bicarbonato. Ao transportar moléculas o sangue possibilita que o corpo possa manter seu estado de organização, e por extensão sua vida. Os problemas do sistema cardiovascular não são problemas só dele, a função dele é transportar nutrientes, se houver problemas com esse transporte o destino terá problemas. Esse blog irá falar de alguns dos problemas que podem acontecer neste sistema e como esses problemas afetam o corpo.

Bibliografia:
Parker, Steve, O livro do corpo humano
Uzunian, Armênio, Biologia, volume único, Editora harbra

Anatomia e Situação do Coração

Considerações do autor:
O blog é voltado para bioquímica, porém para o real entendimento é necessário noções básicas de anatomia e fisiologia do sistema cardiovascular, este artigo fala sobre sua anatomia.
Sempre que houver qualquer dúvida na leitura de algum artigo, procure no arquivo do blog se existe algum artigo capaz de resolver.

O que é o coração?

O coração é um órgão muscular com função de bombear sangue. Órgãos musculares são aqueles com uma quantidade significativa de tecido muscular, que é um tecido com capacidade de contração (diminuir o tamanho das células). A contração de cada câmara cardíaca expulsa o sangue dela.

Quais são suas camadas?
-Epicárdio (parte do pericárdio e coração) – fina camada externa, (epi – sobre ; cárdio - coração)
-Miocárdio – grossa camada muscular intermediária, (mio – muscular)
-Endocárdio – fina camada interna (endo – interno)

O coração realmente está do lado esquerdo?
Não, o coração se encontra no meio, porém sua parte esquerda é mais desenvolvida e pois isso ele se projeta para o lado esquerdo. Isso é necessário, pois o ventrículo esquerdo manda sangue para a circulação sistêmica enquanto que o direito manda para a circulação pulmonar. A circulação sistêmica é maior e por isso o coração precisa de maior força para enviar o sangue, é por isso que o a camada muscular é mais espessa do lado esquerdo.

O que têm dentro do coração?
O coração possui espaços internos chamados câmaras. Existem 4 câmaras, 2 são átrios, 2 são ventrículos. Átrios são câmaras que recebem sangue e os ventrículos enviam. O coração é formado por 2 bombas que funcionam ao mesmo tempo:
-Bomba direita – átrio direito e ventrículo direito
-Bomba esquerda – átrio esquerdo e ventrículo esquerdo

Qual a função de cada bomba?
A bomba direita recebe sangue do corpo em geral e envia aos pulmões. A bomba esquerda recebe o sangue dos pulmões e envia ao corpo em geral. Não confunda, não se trata de uma bomba para circulação sistêmica e outra para circulação pulmonar, ambas participam de ambos os tipos de circulação.

O que divide cada câmara?
Câmaras cardíacas e sentido do sangue
A bomba esquerda não se comunica com a esquerda em situações normais, elas são divididas por uma parede chamada septo. O átrio e ventrículo de mesmo lado são separados por uma valva chamada valva atrioventricular que só permite a passagem do sangue em um sentido. A valva atrioventricular esquerda se chama tricúspide ou mitral e a valva atrioventricular direita se chama bicúspide . Cúspide é sinônimo de válvula que é uma parte da valva, a valva tricúspide possui três válvulas e a valva bicúspide possui duas. Existem outras valvas além das atrioventriculares, existe também valva da aorta, do tronco pulmonar (artéria que leva sangue até pulmões) e várias outras em veias. Todas valvas servem ao mesmo propósito: impedir refluxo sanguíneo.

O que são os grandes vasos?
São vasos de grande calibre que se juntam ao coração. Dentre as artérias temos: Aorta, Tronco pulmonar e suas 2 ramificações. Dentre as veias temos: Veia cava superior, Veia cava inferior, e 4 Veias pulmonares.

O que é pericárdio?
Pericárdio é um saco fibroseroso que recobre o coração (não é parte dele) e os grandes vasos (peri – em torno de, na periferia). Fibroseroso se refere as camadas do pericárdio, a camada fibrosa e a camada serosa. A camada fibrosa é resistente e mais externa, a camada serosa é fina e possui duas partes: lâmina parietal e lâmina visceral. Parietal se refere a parede, a lâmina parietal do pericárdio seroso está junta à parede do pericárdio fibroso. Visceral se refere aos órgãos contidos em cavidades corporais ou algo relacionado com eles como a lâmina visceral do pericárdio seroso, que aliás é ao mesmo tempo parte do pericárdio quanto do coração, está lâmina visceral é o epicárdio. O pericárdio envolve todo o coração e protege e separa dos órgãos adjacentes, o pericárdio delimita o mediastino médio que é uma divisão do mediastino inferior.


Situação do coração no mediastino
O que pode ser dito quanto a situação (localização) do coração?
Ele está situado no mediastino médio que é uma parte do mediastino inferior. Mediastino é a parte central do tórax, que é o espaço protegido pelo gradeado costal e diafragma. A localização do coração é extremamente importante para seu funcionamento. Além da óbvia vantagem de proteção do gradeado costal, a situação do coração é um espaço de pouca pressão. O coração está envolto por 2 grandes órgãos, os pulmões que são basicamente sacos com a finalidade de trocar os gases do sangue. Os pulmões são órgãos pouco densos e portanto não comprimem fortemente o coração, muito pelo contrário, o coração comprime os pulmões deixando inclusive sua impressão neles, que é maior no pulmão esquerdo já que o coração está voltado para o lado esquerdo. O coração está dentro do pericárdio que o mantém no mediastino, por isso e pelo tamanho dos pulmões, não existe problema causado pela pressão do coração nos pulmões, eles funcionam perfeitamente. O abdome é um local que pode atingir altas pressões devido aos músculos de sua parede, se o coração estive-se no abdome a pressão nele iria impedir a diástole de acontecer, e assim não entraria sangue no coração. Não é necessária muita pressão para alterar o funcionamento do coração, prova disso é o tamponamento cardíaco, que é basicamente o acúmulo de sangue dentro do pericárdio, o que pressiona o coração e causa insuficiência cardíaca (mal funcionamento do coração) podendo levar até a falência cardíaca (grave insuficiência), o que pode levar o paciente à morte. O tamponamento cardíaco deixa bem claro a grande importância da localização privilegiada do coração.

Bibliografia:
Para teoria:
Drake, Richard L., Gray's Anatomia para estudantes, 2ª Edição, Elsevier, 2010
Para imagens: